O Hamas é uma organização palestina, fundada em 1987, com origem na primeira Intifada, o levante popular palestino contra a ocupação israelense. A palavra "Hamas" é um acrônimo em árabe para Harakat al-Muqawama al-Islamiya, que significa "Movimento de Resistência Islâmica". O grupo foi criado como um braço da Irmandade Muçulmana e tem como objetivo declarado a criação de um Estado islâmico palestino em todo o território da antiga Palestina, incluindo o território de Israel. O Hamas é conhecido tanto por suas ações políticas e sociais quanto por suas operações militares, sendo classificado como uma organização terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.
O Hamas surgiu no final dos anos 1980 como uma resposta ao que seus fundadores viam como a ineficácia da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em lutar contra a ocupação israelense. Diferentemente da OLP, que é laica, o Hamas tem uma ideologia islâmica e se baseia na sharia (lei islâmica). Seu fundador, Sheikh Ahmed Yassin, acreditava que a libertação da Palestina deveria ser conduzida com base em princípios islâmicos e, por isso, estabeleceu um movimento que unisse a resistência armada à prática religiosa.
Desde sua criação, o Hamas tem alternado entre duas frentes: sua ala militar, as Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, e suas atividades sociais e políticas. O grupo ganhou apoio popular em Gaza por prover serviços de saúde, educação e assistência social em áreas negligenciadas pela Autoridade Palestina.
A ideologia central do Hamas está expressa em sua carta fundadora de 1988, que defende a destruição de Israel e a criação de um Estado palestino islâmico. Embora o grupo tenha suavizado alguns de seus posicionamentos ao longo dos anos, incluindo aceitando um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967 em alguns discursos, ele nunca reconheceu formalmente o direito de Israel existir. A resistência armada contra Israel continua sendo um elemento fundamental de sua estratégia.
O Hamas se destaca no conflito israelense-palestino por ser um dos principais protagonistas das facções palestinas que rejeitam qualquer acordo de paz que envolva concessões territoriais ou o reconhecimento de Israel. Ao longo dos anos, o grupo organizou ataques contra alvos civis e militares israelenses, incluindo atentados suicidas e lançamento de foguetes, o que levou à sua inclusão em listas de organizações terroristas.
Um ponto crucial na história do Hamas ocorreu em 2006, quando o grupo participou das eleições legislativas palestinas e venceu com maioria, derrotando o Fatah, o partido de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. A vitória eleitoral do Hamas revelou o profundo descontentamento de muitos palestinos com a corrupção e a falta de resultados do Fatah nas negociações com Israel.
Em 2007, após um período de tensões e confrontos armados com o Fatah, o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, governando a região desde então. Essa tomada de poder dividiu o território palestino em duas administrações distintas: o Hamas governa Gaza, enquanto a Cisjordânia continua sob controle da Autoridade Palestina liderada pelo Fatah. Desde então, o Hamas tem implementado um governo islâmico em Gaza, que, embora tenha apoio de parte da população, também enfrenta críticas por abusos de direitos humanos e repressão de opositores.
O Hamas está diretamente envolvido em vários conflitos e confrontos armados com Israel, sendo alguns dos mais marcantes:
Guerra de Gaza de 2008-2009: Também conhecida como Operação Chumbo Fundido, esse conflito foi iniciado por Israel em resposta ao lançamento de foguetes por militantes palestinos de Gaza. O Hamas foi o principal alvo dessa ofensiva.
Conflitos em 2012 e 2014: Em 2012, o confronto escalou novamente com ataques aéreos de Israel em Gaza e foguetes disparados pelo Hamas. O conflito de 2014, também conhecido como Operação Margem Protetora, foi um dos mais longos e violentos, resultando em milhares de mortes e destruição significativa em Gaza.
Confrontos Recorrentes: Desde a ascensão do Hamas ao poder, o grupo tem estado em conflito constante com Israel. O lançamento de foguetes e ataques aéreos ocorrem com certa regularidade, especialmente em resposta a eventos políticos ou incidentes envolvendo a Faixa de Gaza.
O Hamas tem um papel controverso no cenário internacional. O grupo recebe apoio de países como o Irã, que fornece financiamento e armas, além de suporte político. Essa aliança é baseada na oposição comum ao Estado de Israel e no alinhamento com movimentos islâmicos radicais. Além do Irã, o Hamas também mantém relações com o Qatar e a Turquia, que, embora não apoiem abertamente seus métodos violentos, promovem diálogos e oferecem ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
No entanto, o grupo enfrenta isolamento diplomático e econômico por parte de muitas nações ocidentais, que impõem sanções e bloqueios financeiros devido à sua classificação como uma organização terrorista. Isso afeta gravemente a economia e o bem-estar social em Gaza, que depende em grande parte da ajuda internacional.
O Hamas é amplamente criticado por sua postura inflexível em relação a Israel, seu uso de violência contra civis e sua repressão interna. Organizações de direitos humanos frequentemente denunciam abusos cometidos pelo Hamas contra dissidentes em Gaza, bem como o uso de civis como escudos humanos em seus confrontos com Israel.
Além disso, a estratégia militar do Hamas, que inclui o lançamento de foguetes indiscriminados contra áreas civis israelenses, é condenada internacionalmente. O grupo é acusado de colocar a população de Gaza em risco ao operar em áreas densamente povoadas, atraindo retaliações israelenses que frequentemente resultam em mortes de civis palestinos.
O papel do Hamas no conflito israelense-palestino continua a ser uma das principais barreiras para a paz na região. Embora seja inegável que o grupo possui apoio popular em Gaza, especialmente devido aos serviços sociais que fornece, sua abordagem violenta e sua recusa em reconhecer Israel impedem qualquer avanço significativo em direção a uma solução de dois Estados.
A situação na Faixa de Gaza permanece tensa, com bloqueios e sanções afetando milhões de palestinos. A comunidade internacional enfrenta o desafio de como lidar com o Hamas, equilibrando o desejo de aliviar o sofrimento humanitário em Gaza sem fortalecer ainda mais o poder do grupo.
Enquanto o Hamas mantiver sua postura de resistência armada e rejeição ao diálogo, é improvável que haja uma solução pacífica a curto prazo. O futuro do grupo, assim como o futuro do conflito, dependerá de mudanças tanto na política interna palestina quanto nas dinâmicas regionais e internacionais.
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